quinta-feira, outubro 17, 2002

Concordo com isso:
Quem tem medo de Regina Duarte? - por Luiz Orlando Carneiro

Reza a Constituição, no inciso IV do artigo 5ª: ''É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato''. Outra cláusula pétrea (o inciso X do mesmo artigo) considera ''invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas''. A atriz Regina Duarte, na propaganda de seu candidato, José Serra, afirmou ter ''medo'' do futuro do país, com a eleição praticamente certa do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Expressou seu pensamento, sem atingir a honra ou a imagem de Lula. Afinal, quem é que tem medo de ter a atriz dito que tem medo de um governo chefiado por Lula?

Só pode temer tal afirmação, estrategicamente usada pelos marqueteiros de Serra, numa batalha eleitoral aparentemente perdida, quem tem medo de externar seu pensamento sem antes consultar seu oráculo ou sua tribo. Ou procurar saber qual é a palavra de ordem do dia ou da semana. O renascimento do patrulhamento ideológico, num momento em que o Brasil dá ao mundo uma lição de democracia eletrônica, num primeiro turno transparente, sem o registro de uma só urna impugnada, é bem mais preocupante do que o medo de Regina Duarte.


Qualquer democrata, mesmo eleitor de Serra, terminado o jogo eleitoral com a vitória prevista de Lula, vai torcer para que o primeiro presidente representante do PT tenha sucesso, como chefe de Governo e chefe de Estado. O que é temível é o lulismo, como aliás todos os ismos exacerbados. Sem falar nos trágicos ismos, à direita e à esquerda, que ensangüentaram, no plano internacional, o século passado, basta que sejam lembrados deletérios ismos nativos que andaram ou andam por aí, como o getulismo, o janguismo, o coronelismo (do qual o carlismo baiano é expressão), o malufismo (sinônimo de um populismo em baixa), etc.

Ao próprio Lula não interessa o lulismo, nem o patrulhamento ideológico que surgirá, sem dúvida, dentro de seu próprio partido, que teve de se aliar a Deus e ao diabo para disputar o Planalto. Eleito, Lula será testado pela comunidade internacional do mesmo modo que a alta sociedade analisa como se porta, numa recepção, um nouveau riche, um emergente.
Achei nesse site.

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