segunda-feira, julho 19, 2004

Tchau, Nestor
Você deita e já percebe que não será fácil. Aquele clima de “ninguém merece”. Vira (evita virar muito porque onde seu corpo não estava antes está geladíssimo) e revira. O termômetro deve marcar uns 5 graus. Começa a ler Tchau, Nestor. Decide que é hora de cair nos braços de Morfeu. Vira, de novo, e outra vez. Não, assim não vai dar (ou sem dar mesmo). Liga o abajur de novo. Pega o Nestor. Lê mais umas 20 páginas. Ok, let´s try again. Nada, de novo. Levanta, vai pegar sua garrafinha de água com gás. Aproveita e toma o remédio que esqueceu de tomar antes de dormir. Deixa a garrafinha ao lado da cama, olha o relógio com os números verdes, ouve a vizinha baixinha que tem piso de madeira e parece se recusar a descer do salto. Barulhos estranhos vindo do 402, todos ritmados no piso. Aiiii. Apaga o abajur, vira de bunda pra cima e fecha os olhos. Nada, tenta relaxar as pernas, sente calor e tira as duas meias. O cantinho de um dos dedos do pé incomoda (quem mandou cutucar com seu super alicate – isso foi na semana passada e ainda dói). Levanta e veste o chinelo, vai fazer xixi. Volta. Pega de novo o Nestor. Lê e tenta de novo: desliga o abajur, bunda pra cima, fecha os olhinhos. Nada. Jogo o edredon, o cobertor e o outro edredon (que até poucas semanas era branco, branco, até que mandou à merda e resolveu usá-lo para ficar bem quente) para o lado, os travesseiros estão armafinhados de tanto serem apertados – de ódio. E levanta. Vai ver TV, pega o finzinho de Queer eye for the straight guy, que perdeu porque foi ver Sex and the city e beber espumante com amigas-visitas. Decidiu que não levaria o cobertor para o seu sofá de 1m32 (na volta daria muito trabalho arrumar a cama de novo). Sorte que o casaco preto longo de lã estava jogado no sofá. Serviu de cobertor. What a like about you (porra, por que tudo o que passa de madrugada é repetido?). O relógio do Info da Directv marcava 3 da manhã. Resolveu que era hora de dormir às 3h30. Mas que nada, voltou pra cama e teve de pegar de novo o Nestor. Terminou com ele. (Por que? Por que? Qual a graça de ler um livro inteiro no mesmo dia em que comprou? Odeio isso. Que raiva, que ódio). Mesmo que a personagem lembra você: ela está 9 quilos acima de seu peso, você ...(bem, convenhamos, deixe os números de lado. Isso não é uma matéria de economia), a auto-estima dela está embaixo da unha do dedinho do pé. A sua não está muito acima (pense bem, a auto-estima é inversamente proporcional aos ponteiros da balança). Ela tem um namorado, mas logo fica sem. Você não sabe o que é isso há muito tempo, então ahá... eis a diferença (que graça teria a vida se todos fossem iguais?). Tá, sobre outros aspectos do livro não iremos comentar, afinal, não estamos aqui para discutir aspectos sexo-anatômicos-pessoais-femininos-problemáticos, aliás, a quem mais eles podem interessar se não a mim? E como já disse, vivam as diferenças! Uhuu, te peguei (isso vale para quem já leu ou vai ler – custa R$ 21,90 bem válidos). Bom, foco, foco é tudo nessa vida. Dormiu, deviam ser umas 4 da matina. Acordou às 6 e às 7. A essa altura, foi mais rápida que o tempo: adiou o despertador para às 8h30, antes que o Acorde Itapema falasse. (Um dia a gente aprende a ser esperto, mais até que o relógio). Acordou espontaneamente às 8h20. Colocou o despertador para 9h30. Mas às 9h já era tarde demais. Baixou o pininho do alarme, suspirou, ouviu os passos do salto de madeira da vizinha do 402. Quase chorou, revirou os olhos, quem sabe o sono voltava? Virou a bunda que estava pra cima, como sempre, jogou a tríplice edredon-cobertor-edredon pro ares, ficou uma montanha do lado parecendo o Kilimanjaro. Deu Tchau, Nestor. E levantou.

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