Sex and the city? No.
Eis que a ida à festa estava planejada. E depois uma dor de cabeça me derrubou. Mas o amigo gay ligou e veio jantar em casa. A noite seria perfeita – dei o cano na amiga para ficar de pijamão e cabelo desgranhado - em casa, com o amigo gay vendo a 5ª temporada de Sex and the city. Mas aí que seu amigo gay tinha um sexto sentido ferino – ou como diz Mary Blue, foi um aviso divino. E começou apurrinhar para que eu fosse à Balonê. Em cinco minutos decidi mudar minha vida e fui. Ainda tentei ligar para recuperar a amiga perdida, mas nada de telefone atendendo. E fui. Linda, leve (nem tanto) e solta. E dei sorte (ou nem tanta?). Dei de cara na fila com uma amiga querida quando eu já me encaminhava para o seu fim, lá longe. E, por ironia do destino, não a encontrei apenas. Sim, nada mais nada menos do que o Senhor dos Anéis estava na mesma fila - e foi classificado pela amiga como exótico (chamar de exótico, é pior do que dizer "ah, não é tão feio..."). Mas calma, ele não estava dez pessoas à frente ou dez atrás da amiga. Não. Se ela andasse, daria com o nariz nas costas dele. Sim, ele estava lá, a poucos centímetros de nós na fila. Umas peruas, ele, o amigo, eu e minha amiga. Prontos para entrar, na boca do Ocidente. Ai. Comecei a ver estrelas e acreditar que meu horóscopo finalmente resolveu dar certo (sim, nos últimos dias ele vinhas dizendo que tudo estava prestes a mudar para muuuuito melhor no campo amoroso). Como fiquei feliz e agradeci a todos os deuses por terem me arrancado do conforto do lar. Mas como nem todo episódio de série é tão simples assim... Eis que o senhor resolveu beijar uma perua (a mesma que estava na sua frente na fila). Ao passo que tomei uma Polar grande inteira – nesse caso a nutricionista perdoa pois era estratégico eu chegar ao bar naquele momento e o efeito nem foi bebedeira. Vontade de chorar 1. Ok, a amiga e o namorado foram para um canto e eu fiquei como boa observadora lá, dançando. Aí foi a vez da drag queen subir no mezanino e jogar vários buquês – o tema era o mês das noivas. Nem me movi. E de repente vi um dos buquês fakes e bregas vindo na minha direção. E eis que as flores de plástico passaram entre os meus braços cheias de significado (imagine tudo em câmera lenta), foram ao chão, foram chutadas e pararam nas mãos de uma loira próxima. Estava num episódio de Sex: não tão loira quanto a Carrie, mas meio azarada como ela. Junto com as flores que foram ao chão, minha cabeça se encheu de pensamentos e inspirações – cheias de idéias para um longo texto e a frustração de não ter um laptop para batucar tudo rapidinho e não perder os detalhes sórdidos. Ok, tudo bem, deu a vontade 2 de chorar e a certeza de que eu já tinha o fim do capítulo (ah, tinha!). Estava perdida dos amigos, mas eis que nos encontramos para ir embora. Mas de repente resolvi ficar. Lelê paga pra ver. E ficou. (Vocês que me conhecem de longa data conseguem me imaginar sozinha na night?). Pois bem, ficou, no ponto mais estratégico para visualização, grudada no bar com vigilância ostensiva – ao lado do careca que beijou um mês antes. Bom, eis que Senhor dos Anéis passa, alone indo embora. Um alento no coração: pelo menos ele foi sozinho. Mas, ahn? Ele voltou? Ta, e estava meio perdido, procurando o amigo, na exata direção oposta a mim. E como azar pouco é bogagem, ele sorri. Na minha direção. Eu fico bege. Ele sorri de novo. E mais uma vez. E abana. Neste ponto, o coração já está em minhas mãos. Mas, por sorte, ela resolve ficar estática sem se mexer, vendo-o se mover em sua direção. Ai, môdeus. Sorte, muita sorte que ela ficou lá quietinha tremendo sem ninguém notar. O ABANO NÃO ERA PARA ELA. Tinha um povo no meio do caminho. E uma loira. Argh. Ela ficou lá no bar, só observando e constatando que, apesar de ser um ET paulista em Porto Alegre, conseguiu encontrar seis (6) pessoas conhecidas no mesmo local fétido, sem ar-condicionado, minúsculo e as paredes caindo aos pedaços. A essas alturas, Lelê já estava com duas unhas detonadas de roídas. Uma delas tão roída, que pegava na carne. Ai, que dor. Bom, com um telefone a mais na agenda de seu celular, Senhor dos Anéis foi embora. Para disfarçar, Lelê, que a essa altura precisava fazer xixi, esperou 10 minutos e também se foi. Arrasda, pensando no sentido de tudo aquilo. Será que não teria valido mais a pena ficar em casa, quentinha no pijama? Bom, pelo menos avançou: permaneceu sozinha – mesmo – na night. Serão os homens todos sacanas? E sim, ele me viu olhando. E também olhou. Bom, em casa, depois de um banho para tirar todo o budum de cigarro e afins, de volta ao seu pijamão, Lelê resolveu voltar ao sofá, vendo sua série predileta, não sem antes derramar umas lagriminhas bestas – coisa de mulherzinha. Ok, dois episódios depois, cama. Ah, pelo menos um capítulo de Férias. Mas não, nem o livro a deixa em paz: justo no capítulo em que a mocinha consegue beijar e ir para cama com seu objeto de desejo? Ninguém merece. Mas um outro alento: o cara broxou no livro. Ufa. Às 4h39, ela resolve que é hora de dormir. Apaga o abajur, joga o livro de lado e fecha os olhinhos. Mas não adormece antes de constatar o pior de tudo: A menina beijada, além de usar brincos dourados compridinhos – como toda boa gaúcha (não estou criticando, só constatando, ok, gaúchas?). Como se isso não bastasse, ela usava uma bolsa Louis Vuitton: falsa. Não disse que o fim do episódio já estava programado?
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